我的唯一的上瘾将要是困难的

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sexta-feira, 3 de agosto de 2007

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DIÁRIO DE MARIA REGINA
DIA 1

oi, diário, meu nome é maria regina. dãã, fico falando como se você fosse um objeto animado ou algo assim.. deixa eu reformular: meu nome é maria regina e essa é a primeira página do meu primeiro diário. e pra começar, vou contar um pouco da minha vida até agora.

falando nisso, meu nome todo é Maria Regina Oligari. sou filha de Abelardo Oligari e Anna Júlia Sodré Oligari. não que isso faça alguma diferença pra você, mas pro resto do mundo faz. minha mãe vem de uma família extremamente rica de portugal, somos decendentes de grandes comerciantes que enriqueceram na época do descobrimento, toda aquela parada das rotas marítimas e tal, e com o passar do tempo, ao invés de dissipar o nosso patrimônio, como a maioria dos novos ricos faz, simplesmente enriquecemos cada vez mais. e agora, 5 séculos depois, somos considerados da mais alta estirpe portuguesa (graças à mania mão-de-vaca da família).

quer dizer, até meu pai surgir na vida da mamãe.. filho de um conde falido, meu pai tem uma tendência dissipadora absurda. mas pelo jeito, mamãe se sentiu tão atraída por ele que nem ligou pros conselhos do vovô, que era completamente contra a união (e, dizem as más línguas, infartou no dia do casamento por puro desgosto, coisa que só facilitou o acesso do papai à grana). pormenores que não me interessam, claro. enfim, mesmo com a morte do vovó instantes antes do casamento, nada aplacou a férrea vontade da mamãe de se amarrar ao papai. e depois da lua de mel na índia, vieram morar na mansão em que nasci, a mesma que contém o quarto de onde escrevo agora.

não lembro muito bem da minha infância, me parece muito homogênea, regular mesmo. meu pai nunca estava em casa, sempre se metendo em grandes empreendimentos que nunca deram em nada, e a mamãe, ao que me parecia, vivia meio tonta. só depois de muito tempo fui ter consciência do que realmente significava aquele alheamento.

sempre vivi rodeada de barbies e empregados. e depois dessa fase, amigas e empregados. e depois desta, amigas, garotos e empregados. nunca deixaram de realizar sequer uma vontade material minha, por mais caprichosa que fosse. apesar disso, nas peças e apresentações da escola, quem ia me prestigiar era mirella, a governanta. arrisco até dizer que mesmo na posição de empregada, ela gostava mais de mim do que minha própria família. ou pelo menos se preocupava mais.. talvez ela simplesmente tivesse percebido que apesar do luxo, o que me importava mesmo era o reconhecimento, coisa que nunca tive (e provavelmente nunca terei) de ninguém da família.

falando em peças, eu sempre gostei muito de teatro. fiz parte da companhia estadual de teatro por muito tempo, ganhei prêmios, me diverti muito, até que um dia percebi que nem isso mais me acalmava. o que era terapia, se transoformou em mais um estorvo na minha vida. nessa época, eu tinha uns 16 anos, e já conseguia entender direitinho o que se passava na minha casa.

minha mãe, de calmante em calmante, whisky em whisky, tinha se transformado numa álcoolatra, que só dormia à base de remédios tarja preta, transando com qualquer um que pudesse provocar ciúmes no papai, que, por sua vez, gastava dinheiro em jogatinas, prostitutas, presentes e viagens de luxo com amantes, sem mencionar os negócios mal-sucedidos. minha avó, que morava com a gente, era uma fofoqueira filha da puta, que só sabia disseminar a discórdia entre a família e os amigos.. como se o caos já não fosse suficiente. e foi nesse ambiente nada propício pra uma criança, que eu cresci.


aaahh, me estendi demais nessa nostalgia tosca! tá na hora de me arrumar pra festa do ricardo e eu não tenho a MÍNIMA idéia do que vestir. então vamos lá: banana republic ou m. officer? haha, como se você fosse me ajudar em alguma coisa.. por que eu insisto em falar com você como se tivesse me escutando? meu deus, em vez de me ajudar, acho que esse papo de diário vai me enlouquecer..

enfim, por hoje é só. não vi nada de proveitoso nessa 'jornada de auto-descobrimento' até agora. aliás, meu pulso tá doendo de tanto escrever. na próxima consulta, vou sugerir fazer um blog, ao invés de um diário. impessoal porém prático. tchau, diário. depois vou pensar num nome ótimo pra você. beijo.

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capítulo 3 vai ser postado amanhã, como prometido ^^
obrigada aos leitores e tal, e, vocês sabem, pra críticas (construtivas) ou sugestões, o scrapbook tá aberto x)
beijo, gente!